Há que ter tempo

janeiro 30, 2019



Dissertações sobre o tempo é coisa que para aqui não faltam, não fosse eu uma ansiosa veterana e ansiosa que se preze panica com o tempo.

O tempo esse não está nem aí e vai passando, sempre ao mesmo ritmo, a cada segundo, a cada pôr do sol, a cada passagem de ano, ele passa, sempre ritmado e feliz.

Eu, que não o consigo controlar por não conseguir estar sempre de olho nele mantenho a ilusão que ele me passa a perna e ora apanha atalhos ora decide tirar uma soneca.

Ele, o tempo, é tramado, sabe bem que manda nisto tudo e faz o que quer da sua vida.

Eu, na maioria das vezes gostava que ele fosse gente como eu e tu, para lhe poder dar uns cascudos volta e meia, para o fazer acelerar e tomar tino na vida ou para o prender numa casa sem janelas onde ele iria viver quieto e mudo sem dar ar de si.

Ele, acha isto tudo muito giro e não contente em passar, vai e deixa marcas, cabelos brancos, rugas de expressão e nostalgia, essa tão sua amiga nostalgia, outra sacana lá está!

Eu, nós, estou em crer, passamos mais tempo a critica-lo do que a vive-lo.

Ele, claro está, fica ofendido, bate o pé e como bom elemento, não está nem aí e segue airoso e sem remorso.

Eu perco-me nele, não sei como pode ser tão impiedoso, parece que não tem bem a noção de que somos só humanos, para nós ele é um mistério que algures conseguimos catalogar mas que continuamos à espera que mude.

Ele, parte-se em dois, passa de radioso a negro, divide-se em quatro e vive ciclos de 365, menos quando se passa da marmita e só para contrariar retira-nos um dia, como se fosse de férias.

Nós, cá ficamos, a ver como se diverte connosco muitas vezes sem lhe dar o devido valor.

Ele embala-nos nesta cantiga, canta uma canção de embalar (tic, tac, tic, tac,...).

Eu espero, que ele passe por mim por muitos e felizes anos.

Ele não quer saber dos meus desejos.

Nós, que tão pouco valor lhe damos, devíamos ao menos ter o discernimento de um dia percebermos o quão ele é importante e talvez aprender que o nosso maior bem é ter o tempo connosco, viver nele e saber com quem o partilhamos.

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