...e esta não é uma saudade qualquer. É a saudade que nos fica para sempre e que acompanha as recordações das pessoas que já cá não estão e que nos são tão queridas. Esta saudade não mata mas corroí e existem alturas que doí tanto como quando se cai de chapa e se esfola o joelho (no mínimo). Não sou uma pessoa lamechas mas têm dias, momentos em que desejo ao máximo poder voltar para trás e levar o que agora tenho. Momentos como este em que te tenho nos braços e dormes pacificamente e penso em como vai ser bom ver-te crescer e em como todos á tua volta te amam tanto. Não consigo deixar de achar que apesar de ainda não saberes os problemas que existem neste mundo, o teu mundo já está cheio de coisas e pessoas que só por fazerem parte da tua vida te vão ajudar e acompanhar sempre. Dentro deste nosso núcleo familiar existe amor. Mas este grupo já está desfalcado. Eu sei que uma pessoa só sente falta e saudades das pessoas que conheceram mas eu mãe não consigo de deixar de ter pena de ti por não teres vindo a tempo de conhecer duas das melhores pessoas que já alguma vez conheci. Faço a questão que as conheças quanto mais não seja por palavras, entre risos e fotografias velhas com cheiro a pó de livro. Falo-te dos teus bisavós, esses que já cá não estão, esses que nos fazem falta, os mesmos que não sabes o som ou cheiro, esses que nunca viste mas que nos deixam os olhos em lágrimas quando pensamos a pena que é não os teres conhecido. A pena que é não existir uma fotos tua no colo deles nem qualquer outra memória verdadeira que possas guardar com carinho como nós o fazemos apesar da tristeza que é não os ter aqui para te pegar quando choras como os que cá estão fazem. Não sou pessoa de penas mas esta pena tenho, é grande, é crua, é feia e bate tão forte quanto o meu coração quando me lembro da falta que me fazem. Resta-me não te deixar passar nesta vida sem saberes quem me ensinou a plantar um feijão, quem me deixava brincar na lama, quem me esperava todos os dias na saída da escola resta-me não deixar que não saibas quem foi a mulher de olhos verdes fundos que apesar de tão grandes tormentas tinha um colo forte, que apesar do riso abafado não deixava de sorrir. Resta passar os valores e contar os feitos, resta rir do mal feito, resta imaginar que este colo onde estás e que eles ajudaram a moldar te acenta tão bem quanto o deles se aqui estivessem para te aconchegar.
Pode ter sido uma questão se segurança, de despreocupação ou de defesa mas a verdade é que nunca pensei em te perder. Como se lá por não te ter pedido com afinco tivesse o direito de achar que me eras garantida. Nove meses passaram realmente a correr, sem grandes complicações, felizes e agora olhando bem para trás com uma leveza que chegou bem perto do desleixo. Não fui feliz em todos os momentos mas nunca pensei que não te queria. Acho que não pensei em nada, fui vivendo. Por vezes para mim pensar não é bom, leva-me á preocupação desnecessária e a preocupação corta-me a capacidade de agir no caso de ser preciso. Em termos gerais é assim que reajo com tudo aquilo que me é importante, cabeça fria, primeiro resolve-se, com calma e depois pensamos no assunto. Agora que os nove meses já lá vão ao que me parece ser uma eternidade, agora de cabeça fria, bem, não te aproveitei como devia sabes!
Tomei-te como garantida.
Felizmente estás aqui, estamos bem.
Não te consigo pensar com leveza agora, tenho medo de não te ter amanhã.
Não sou pessoa de grandes medos mas agora tenho um medo maior que eu, têm nome, trata-me com a mesma leveza com que a tratei durante nove meses, porque não sabe mais e ainda bem. O medo não é grande ajuda. É um sentimento horrível este de ter noção que não depende de nós. Tomei-te por minha sem o seres e sem ter a ideia que poderias não chegar, agora de cabeça cheia não te torno a tomar por um acaso feliz.
Depois do tão observado post sobre o não saber se iria ou não amamentar eis que surge este em jeito de afinal-a pressão-Existe-mas-é-por-outro-motivo, ainda grávida ouvia e lia outras mães a dizer que existia uma forte pressão para o uso da fórmula em vez da mama claro está que esta pessoa esperou um mês para poder dizer isto com causa justa e cá vai.
A pressão existe mas não é para o uso da fórmula mas sim para a quase que obrigação de amamentar.
Está certo que existem sei lá quantos estudos que indicam que a amamentação previne doenças e ajuda a mãe a recuperar, que é uma alimentação completa e perfeita para os bebés, o que faz sentido. Depois existe o lado de que é mais barato e ajuda a emagrecer. Existe até uma organização mundial para a apoiar a amamentação. E está certo. Somos o único mamíferos que após a idade do desmame continua a beber leite e que ainda por cima não é leite humano. Mas este incentivo é tanto que se torna perseguição. Dizem que apoiam e ajudam e ensinam e tudo mais e é tudo muito bonito mas falha. Assim que ela nasceu e apesar de não saber se o queria fazer ou não tive a intenção de amamentar. Também não me tinha valido de muito não querer porque quando dei por mim tinha duas enfermeiras as voltas com a minha mama e a cabeça da minha cria. E aquilo foi tão fofo, simpático e educativo que eu fiquei com a mama dorida e ela com a cara toda vermelha e um dedo marcado de cada lado da cara. Nunca em momento algum me disseram como deveria fazer, qual era a técnica ou o que devia sentir, nada, simplesmente me disseram 2 dias depois que era a escolha mais em conta e para não ser parva de lhe dar biberão. Considero que amamentar é de facto a melhor opção mas não assim, não na base do chamar a uma mãe inconsciente e fazer com que se sinta mal e fique a achar que é uma má mãe só porque prefere dar o suplemento. Existem mães que não conseguem amamentar, ponto, seja porque o bebé não pega, seja porque ficam doentes, porque não têm leite ou por ter tido necessidade de tomar algum medicamento, estas mais nem sequer opção de escolha têm e a esta nova sociedade pró-amamentação serve apenas para que se sintam mal, na merda de facto. Eu tive alguns problemas ainda não totalmente resolvidos porque a miúda não está a engordar como deveria, estou crente que no início o problema foi mesmo por falta de conhecimento e má informação. No hospital disseram-me para dar só de uma mama em cada mamada e na seguinte dar a outra e foi o que fiz só que parece que ela não ficava satisfeita e basicamente passava fome. Já estava a ficar frustrada com a pergunta " ela não têm fome?" Que toda a gente me fazia ao ver a gaja chorar apesar de ter estado 40 minutos a mamar. Até o truque para a tirar da mama tive que aprender pelo YouTube. Fui muito mal apoiada por quem me deveria ter apoiado apesar de ter recebido bastante apoio das minhas seguidoras fofinhas que me foram dando dicas. Mas tirando esta parte fica a pergunta, porque raio é que a sociedade em geral agora deu para olhar de lado as mães que não dão mama como se fossem criminosas?
Passamos a ser más mães por não ter prazer algum em andar com as carrapatas atracadas às mamas?
O que importa não é o leite materno?
A pressão existe mas não é para o uso da fórmula mas sim para a quase que obrigação de amamentar.
Está certo que existem sei lá quantos estudos que indicam que a amamentação previne doenças e ajuda a mãe a recuperar, que é uma alimentação completa e perfeita para os bebés, o que faz sentido. Depois existe o lado de que é mais barato e ajuda a emagrecer. Existe até uma organização mundial para a apoiar a amamentação. E está certo. Somos o único mamíferos que após a idade do desmame continua a beber leite e que ainda por cima não é leite humano. Mas este incentivo é tanto que se torna perseguição. Dizem que apoiam e ajudam e ensinam e tudo mais e é tudo muito bonito mas falha. Assim que ela nasceu e apesar de não saber se o queria fazer ou não tive a intenção de amamentar. Também não me tinha valido de muito não querer porque quando dei por mim tinha duas enfermeiras as voltas com a minha mama e a cabeça da minha cria. E aquilo foi tão fofo, simpático e educativo que eu fiquei com a mama dorida e ela com a cara toda vermelha e um dedo marcado de cada lado da cara. Nunca em momento algum me disseram como deveria fazer, qual era a técnica ou o que devia sentir, nada, simplesmente me disseram 2 dias depois que era a escolha mais em conta e para não ser parva de lhe dar biberão. Considero que amamentar é de facto a melhor opção mas não assim, não na base do chamar a uma mãe inconsciente e fazer com que se sinta mal e fique a achar que é uma má mãe só porque prefere dar o suplemento. Existem mães que não conseguem amamentar, ponto, seja porque o bebé não pega, seja porque ficam doentes, porque não têm leite ou por ter tido necessidade de tomar algum medicamento, estas mais nem sequer opção de escolha têm e a esta nova sociedade pró-amamentação serve apenas para que se sintam mal, na merda de facto. Eu tive alguns problemas ainda não totalmente resolvidos porque a miúda não está a engordar como deveria, estou crente que no início o problema foi mesmo por falta de conhecimento e má informação. No hospital disseram-me para dar só de uma mama em cada mamada e na seguinte dar a outra e foi o que fiz só que parece que ela não ficava satisfeita e basicamente passava fome. Já estava a ficar frustrada com a pergunta " ela não têm fome?" Que toda a gente me fazia ao ver a gaja chorar apesar de ter estado 40 minutos a mamar. Até o truque para a tirar da mama tive que aprender pelo YouTube. Fui muito mal apoiada por quem me deveria ter apoiado apesar de ter recebido bastante apoio das minhas seguidoras fofinhas que me foram dando dicas. Mas tirando esta parte fica a pergunta, porque raio é que a sociedade em geral agora deu para olhar de lado as mães que não dão mama como se fossem criminosas?
Passamos a ser más mães por não ter prazer algum em andar com as carrapatas atracadas às mamas?
O que importa não é o leite materno?
Porque raio é que não fica bem extrair e dar de biberão?
Custa-me esta insistência fulminante porque na maioria das vezes vem de quem já passou por lá, por quem sabe o que é estar umas 8 horas dia sentada de mamas para fora, por quem sabe o que dói os mamilos rachados, as mastites e as mamas cheias. E não percebo a atitude de falta de compaixão, não percebo como é que nos dizem que amamentar é lindo e único e arco íris e raios de sol, amamentar não é assim tão simples e bonito. É estares preso a uma pessoa da qual não queres fugir sob pena de a matares à fome se deres a fuga. É saberes que te vai doer os mamilos mas persistir, que devias ir tomar um banho quente para aliviar a tensão mas não podes porque está quase na hora da próxima mamada. É dormir mal ou não dormir de todo. Sim porque a conversa do dorme quando o bebé estiver a dormir não serve, não serve ter que amamentar de 3 em 3 horas, ficar sentada 1 hora, demorar mais 1 para convencer a cria a dormir e 1 hora depois estar acordada de novo para repetir, eu não sei quanto a vocês mas para mim dormir às mijinhas não serve para descanso. É absolutamente stressante e cansativo e no final das contas se alguma coisa corre mal é porque a mãe fez merda e não é capaz. Não está certo. Ou é porque o leite não presta ou porque não é suficiente. Posso dizer que eu já me sinto bem cansada e ainda vamos no primeiro mês, sei que vai melhorando porque a técnica se vai interiorizando e porque as mamadas vão ficando mais distantes umas das outras o que permite dormir mais mas não deixa de ter sido exaustivo. As pessoas deviam ter isto em conta antes dos olhares de lado, deveriam aceitar decisão de uma mãe fosse qual ela fosse porque no fundo todas as mães querem o melhor para os filhos não é?
Só que para eles terem o melhor têm que ter uma mãe que goste de si, que esteja tranquila e descansada. Nem sequer é pôr as nossas necessidades à frente das deles mas sim saber que para lhes darmos o melhor temos que estar no nosso melhor e parece-me que é isso que esta sociedade não consegue admitir e validar.
Custa-me esta insistência fulminante porque na maioria das vezes vem de quem já passou por lá, por quem sabe o que é estar umas 8 horas dia sentada de mamas para fora, por quem sabe o que dói os mamilos rachados, as mastites e as mamas cheias. E não percebo a atitude de falta de compaixão, não percebo como é que nos dizem que amamentar é lindo e único e arco íris e raios de sol, amamentar não é assim tão simples e bonito. É estares preso a uma pessoa da qual não queres fugir sob pena de a matares à fome se deres a fuga. É saberes que te vai doer os mamilos mas persistir, que devias ir tomar um banho quente para aliviar a tensão mas não podes porque está quase na hora da próxima mamada. É dormir mal ou não dormir de todo. Sim porque a conversa do dorme quando o bebé estiver a dormir não serve, não serve ter que amamentar de 3 em 3 horas, ficar sentada 1 hora, demorar mais 1 para convencer a cria a dormir e 1 hora depois estar acordada de novo para repetir, eu não sei quanto a vocês mas para mim dormir às mijinhas não serve para descanso. É absolutamente stressante e cansativo e no final das contas se alguma coisa corre mal é porque a mãe fez merda e não é capaz. Não está certo. Ou é porque o leite não presta ou porque não é suficiente. Posso dizer que eu já me sinto bem cansada e ainda vamos no primeiro mês, sei que vai melhorando porque a técnica se vai interiorizando e porque as mamadas vão ficando mais distantes umas das outras o que permite dormir mais mas não deixa de ter sido exaustivo. As pessoas deviam ter isto em conta antes dos olhares de lado, deveriam aceitar decisão de uma mãe fosse qual ela fosse porque no fundo todas as mães querem o melhor para os filhos não é?
Só que para eles terem o melhor têm que ter uma mãe que goste de si, que esteja tranquila e descansada. Nem sequer é pôr as nossas necessidades à frente das deles mas sim saber que para lhes darmos o melhor temos que estar no nosso melhor e parece-me que é isso que esta sociedade não consegue admitir e validar.
Ora aqui reside a questão do momento nesta casa de 4 mais 2 meios completos.
Ora pois que estes pais proibiram fraldas com o nome da cria, plaquinhas nos carros e toda e qualquer outra coisa que respectivos avós e amigos se pudessem lembrar de oferecer. Estes pais proclamaram outrora a sete mundos e arredores que isso de fotos das crias pelas redes sociais podiam ser realmente algo mal feito. Estes pais tinham ideias vá!
Depois estes pais viraram efectivamente pais. De uma miúda. Gira que se farta. Estes pais de uma miúda gira que se farta com dotes notórios para a fotografia, principalmente a cómica, têm um problema. Como é que raio é que (mais uma vez) damos o braço a torcer e admitimos que AGORA lá percebemos o porquê de os outros o fazerem, é que, bolas, o raio dos miúdos estão mesmo a pedir. Eles é poses fofas a dormir, sorrisos manhosos, olhares admirados com este todo mundo desconhecido... . Tudo dá um bom momento, o que está na internet não se perde tão facilmente como um cartão de memória e existem sempre termos de privacidade. Sim, existem pessoas maldosas por estes lados, mas também é certo que existem em todo o lado. Mais de metade das pessoas que me seguem não me conhecem e mesmo os que conhecem não sabem sequer onde moro ou trabalho. Parece-me pouco provável que algo de grave possa acontecer só porque se libera fotos da cria, pelo menos parece-me menos provável do que por andar na rua. continuamos a dispensar as fraldas com o nome e os autocolantes para carro. Ainda não estamos bem a ver o que é que se vai decidir (não estamos pois não?!) mas vocês logo chegam a uma conclusão.
Ora pois que estes pais proibiram fraldas com o nome da cria, plaquinhas nos carros e toda e qualquer outra coisa que respectivos avós e amigos se pudessem lembrar de oferecer. Estes pais proclamaram outrora a sete mundos e arredores que isso de fotos das crias pelas redes sociais podiam ser realmente algo mal feito. Estes pais tinham ideias vá!
Depois estes pais viraram efectivamente pais. De uma miúda. Gira que se farta. Estes pais de uma miúda gira que se farta com dotes notórios para a fotografia, principalmente a cómica, têm um problema. Como é que raio é que (mais uma vez) damos o braço a torcer e admitimos que AGORA lá percebemos o porquê de os outros o fazerem, é que, bolas, o raio dos miúdos estão mesmo a pedir. Eles é poses fofas a dormir, sorrisos manhosos, olhares admirados com este todo mundo desconhecido... . Tudo dá um bom momento, o que está na internet não se perde tão facilmente como um cartão de memória e existem sempre termos de privacidade. Sim, existem pessoas maldosas por estes lados, mas também é certo que existem em todo o lado. Mais de metade das pessoas que me seguem não me conhecem e mesmo os que conhecem não sabem sequer onde moro ou trabalho. Parece-me pouco provável que algo de grave possa acontecer só porque se libera fotos da cria, pelo menos parece-me menos provável do que por andar na rua. continuamos a dispensar as fraldas com o nome e os autocolantes para carro. Ainda não estamos bem a ver o que é que se vai decidir (não estamos pois não?!) mas vocês logo chegam a uma conclusão.
E faz hoje um mês que te vi pela primeira vez.
E faz hoje um mês. Já faz um mês.
E estás grande, com mais 3cm e nos teus 3.240kg mais coisa menos coisa.
E estás linda, és linda, és muito mais bem feita do que julguei ser capaz de conceguir fazer.
Não há nada como esse teu sorriso rasgado quando nos vês, é coisinha de fazer cair uma lágrima.
Parte-me o coração quando choras a plenos pulmões, esses pulmões que são fartos e que sabes desde cedo usar. As malvadas das cólicas meu amor, caramba que se eu pudesse ficava com elas para mim mas não posso fazer mais que tentar acalmar-te e tentar que percebas de onde vêm o raio das dores que sentes e te assustam.
Já nos reconheces até por telefone.
Gostas de ver o mundo como te dizemos para te distrair, tudo é engraçado, o candeeiro da sala e as colheres da cozinha, estranhamente os teus bonecos e coisinhas que te foram oferecendo não te fazem vibrar como elas. Tirando o amiguinho das fraldas, para esse há sempre um sorriso e olhar fofinho.
Já te aguentas bem sozinha distraída com as tuas ideias.
Já tentas agarrar tudo e apoiar a chupeta na boca.
Acho que deves ser feliz com o teu mundo.
Com a tua cadela cheirona que anda perdida de vontades de se aninhar perto de ti, que te cheira na cama sempre que choras e que dá turras nos pés quando estás ao nosso colo.
Já passou um mês.
E foi rápido de mais.
E é bom de mais, muito melhor do que me fizeram crer que iria ser.
Juro que não sei o que deva fazer com isto, este sentimento com que me inundaste a alma que me faz querer ser melhor e mais.
E como dava a vida por ti sem hesitar um segundo.
E já passou um mês.
Não sei como é que me aguento a tantas horas sem dormir, a esquecer-me de comer. Mentira. Sei bem como. É porque tudo é menos importante que tu. Eu e todo o meu egoísmo egocêntrico absolutamente bem estudado e estimado durante 29 anos de vida própria se desvaneceram e morrem a cada dia que passa da tua existência. É por isso.
Porque ainda só passou um mês.
Porque já passou um mês.
E faz hoje um mês. Já faz um mês.
E estás grande, com mais 3cm e nos teus 3.240kg mais coisa menos coisa.
E estás linda, és linda, és muito mais bem feita do que julguei ser capaz de conceguir fazer.
Não há nada como esse teu sorriso rasgado quando nos vês, é coisinha de fazer cair uma lágrima.
Parte-me o coração quando choras a plenos pulmões, esses pulmões que são fartos e que sabes desde cedo usar. As malvadas das cólicas meu amor, caramba que se eu pudesse ficava com elas para mim mas não posso fazer mais que tentar acalmar-te e tentar que percebas de onde vêm o raio das dores que sentes e te assustam.
Já nos reconheces até por telefone.
Gostas de ver o mundo como te dizemos para te distrair, tudo é engraçado, o candeeiro da sala e as colheres da cozinha, estranhamente os teus bonecos e coisinhas que te foram oferecendo não te fazem vibrar como elas. Tirando o amiguinho das fraldas, para esse há sempre um sorriso e olhar fofinho.
Já te aguentas bem sozinha distraída com as tuas ideias.
Já tentas agarrar tudo e apoiar a chupeta na boca.
Acho que deves ser feliz com o teu mundo.
Com a tua cadela cheirona que anda perdida de vontades de se aninhar perto de ti, que te cheira na cama sempre que choras e que dá turras nos pés quando estás ao nosso colo.
Já passou um mês.
E foi rápido de mais.
E é bom de mais, muito melhor do que me fizeram crer que iria ser.
Juro que não sei o que deva fazer com isto, este sentimento com que me inundaste a alma que me faz querer ser melhor e mais.
E como dava a vida por ti sem hesitar um segundo.
E já passou um mês.
Não sei como é que me aguento a tantas horas sem dormir, a esquecer-me de comer. Mentira. Sei bem como. É porque tudo é menos importante que tu. Eu e todo o meu egoísmo egocêntrico absolutamente bem estudado e estimado durante 29 anos de vida própria se desvaneceram e morrem a cada dia que passa da tua existência. É por isso.
Porque ainda só passou um mês.
Porque já passou um mês.
Durante toda a gravidez foi uma dúvida que me acompanhou e agora posso dizer que não me parece que tenha mudado, apenas me adaptei. Nunca fui uma pessoa de crianças. Nunca tive grandes aptidões para lidar com os pequenos seres e mesmo eles nunca me passaram grande cartão. Nunca tomei a liberdade do "posso pegar" nem me cheguei à frente para ter o mínimo de intimidade com algum mini humano e o facto de ir ter um só meu era coisinha para me atrasar o sono. A determinada altura chegou a dar-me um tal fanico no ânsia de não vir a dar conta do recado, depois mudei para o achar que iria de alguma forma ligar o botão da afectividade alheia mas agora volvidos uns poucos dias de me ter tornado mãe e de certa forma com algum pesar posso dizer que não me parece que parir me tenha dado alguma aptidão para fazer amizade com as crianças dos outros. Continuo a não saber o que fazer deles, a não ter jeito para lhes pegar ou para fazer conversa de elevador e querer saber afinal de contas que desenho animado é que eles gostam aos 4 anos. Dou conta da minha e acho que me safo, percebo o que ela quer, descubro-lhe as manhãs e sei confortar a fera, não me parece que ela me tenha alguma aversão ou algo que valha. Quero saber tudo dela mas é isto. Quero saber dela. Tornei-me na mãe que usa diminutivos maiores que a real palavra só para lhe fazer conversa e porque é mais sonoro nas letras de músicas que uso para a distrair das cólicas. Digo o "ão ão", o "miu miu" e a " 'peta" e mordo a língua de cada vez que o faço por todas as outras vezes que disse que não se devia fazer tal coisa porque achava que não era assim que se devia fazer. Embalo ao colo muito mais do que a minha consciência do eu-sei-que-assim-se-cria-o-monstro-do-quero-colo me quer deixar permitir. Imito pessoas e crio conversas fazendo as minhas perguntas e dando as respostas dela. Mas nada ou nenhuma destas novas habilidades me faz querer usar estes dotes nas crias dos outros. São para a minha. Já não me apoquenta a dúvida sobre se seria ou não capaz de tanto, já sei que sou, confesso que com alguma pena de não ser extensível a tudo o que é mini filhos dos outros mas enfim, gosto de gostar dela assim tão normalmente e isso chega-me para ser feliz.
Completamente perdida foi o que foi!
Acho que a única coisa para a qual não estava minimamente preparada foi a estadia na maternidade. Tirando a parte de me sentir perdidamente apaixonada pela cria foram os 3 dias e meio mais horríveis que me lembro.
Começa por ser tudo novo. As pessoas falam e falam mas a verdade é que cada experiência é diferente. No meu quarto estavam mais 2 pessoas e respectivas crias. Uma não chorava guinchava tipo porquinho da Índia a outra tinha ar de branca de neve com um cabelo preto enorme que tirando a primeira noite andou sempre a par com as mamadas da minha cria o que facilitou um pouco a situação. Não é que tenha alguma coisa de que me queixar no que diz respeito à parte clínica, todas as enfermeiras e médicos foram prestáveis e simpáticos mas existe uma questão que deveriam ter em conta, é que nem sempre estão de acordo. Vêm uma e diz uma coisa depois muda o turno e chega outra que diz o oposto e ainda nos dá nas orelhas porque deveríamos ver logo de caras que a informação que a colega deu é uma parvoíce. Uma pessoa fica baralhada. Uma pessoa fica baralhada e piora quando se é mãe de primeira e ainda por cima se está tão exausta que não se consegue fixar grandes informações. Achei que as enfermeiras andavam em guerra com as pessoas que fazem a limpeza, não percebi porquê mas ouvi várias vezes discussões e depois tanto umas quanto outras ficavam de trombas. Apanhei pelo menos uma 3 enfermeiras novas e ainda em formação e eu que nem me importo de ser cobaia nestas coisas já estava a entrar em desespero porque vinha a nova e dizia X e depois a velha vinha e não só a corrigia como lhe dava nas orelhas e ficava logo um ambiente de merda ou porque a nova ficava quase que para chorar ou reclamava e a velha ficava ofendida. Não me ensinaram a dar de mamar, algumas deram umas boas dicas mas não me ensinaram, simplesmente de empurraram a cabeça da pequena contra a mama e quando perderam a paciência espetaram-me com os mamilos de silicone pelos quais tenho uma relação de amor ódio. Vim para casa e a pequena não engordava e na volta chego à conclusão que era porque me tinham dito para lhe dar uma mama em cada mamada e no fundo o que se passava é que ela não ficava satisfeita e andava com fominha. Apanhei umas colegas de quarto simpáticas e prestáveis mas ouvia-se tudo dos quartos ao lado e pelo corredor a fora e as enfermeiras falavam tão alto quer de dia ou de noite que cheguei a ponderar se não estariam a concorrer para alguma bolsa para feirante e coisa que uma mãe não precisa saber é que o bebé do quarto X ia morrendo abafado, que o da mãe W está com um grave problema de respiração e que a mãe que está a dar entrada no quarto de recobro teve uma hemorragia tão grave que ia ficando pelo caminho. Não, ninguém precisava de saber dessas coisas. No fundo não foi mau mas também não foi calmo e tranquilo como imaginava ser. Passei no entanto por uma mudança radical e vivi pequenos momentos que me vão ficar na memória enquanto a memória funcionar. Não me vou esquecer nunca do ar dos meus pais e sogros quando a viram, nem dos poucos amigos que nos visitaram. Não vou esquecer aquele cheiro bom, possivelmente o único bom cheiro de hospital. Nem o momento em que reparei que já lhe reconheci o choro e que ela me conhecia o cheiro e a voz. Ou quando Ele, sentado na beira da cama a olhar para o berço com o mini ser que fizemos juntos me diz de olhos molhados que têm muito orgulho em mim, em nós e que está tão feliz que não sabe o que fazer, "só vos quero levar para casa".
Acho que a única coisa para a qual não estava minimamente preparada foi a estadia na maternidade. Tirando a parte de me sentir perdidamente apaixonada pela cria foram os 3 dias e meio mais horríveis que me lembro.
Começa por ser tudo novo. As pessoas falam e falam mas a verdade é que cada experiência é diferente. No meu quarto estavam mais 2 pessoas e respectivas crias. Uma não chorava guinchava tipo porquinho da Índia a outra tinha ar de branca de neve com um cabelo preto enorme que tirando a primeira noite andou sempre a par com as mamadas da minha cria o que facilitou um pouco a situação. Não é que tenha alguma coisa de que me queixar no que diz respeito à parte clínica, todas as enfermeiras e médicos foram prestáveis e simpáticos mas existe uma questão que deveriam ter em conta, é que nem sempre estão de acordo. Vêm uma e diz uma coisa depois muda o turno e chega outra que diz o oposto e ainda nos dá nas orelhas porque deveríamos ver logo de caras que a informação que a colega deu é uma parvoíce. Uma pessoa fica baralhada. Uma pessoa fica baralhada e piora quando se é mãe de primeira e ainda por cima se está tão exausta que não se consegue fixar grandes informações. Achei que as enfermeiras andavam em guerra com as pessoas que fazem a limpeza, não percebi porquê mas ouvi várias vezes discussões e depois tanto umas quanto outras ficavam de trombas. Apanhei pelo menos uma 3 enfermeiras novas e ainda em formação e eu que nem me importo de ser cobaia nestas coisas já estava a entrar em desespero porque vinha a nova e dizia X e depois a velha vinha e não só a corrigia como lhe dava nas orelhas e ficava logo um ambiente de merda ou porque a nova ficava quase que para chorar ou reclamava e a velha ficava ofendida. Não me ensinaram a dar de mamar, algumas deram umas boas dicas mas não me ensinaram, simplesmente de empurraram a cabeça da pequena contra a mama e quando perderam a paciência espetaram-me com os mamilos de silicone pelos quais tenho uma relação de amor ódio. Vim para casa e a pequena não engordava e na volta chego à conclusão que era porque me tinham dito para lhe dar uma mama em cada mamada e no fundo o que se passava é que ela não ficava satisfeita e andava com fominha. Apanhei umas colegas de quarto simpáticas e prestáveis mas ouvia-se tudo dos quartos ao lado e pelo corredor a fora e as enfermeiras falavam tão alto quer de dia ou de noite que cheguei a ponderar se não estariam a concorrer para alguma bolsa para feirante e coisa que uma mãe não precisa saber é que o bebé do quarto X ia morrendo abafado, que o da mãe W está com um grave problema de respiração e que a mãe que está a dar entrada no quarto de recobro teve uma hemorragia tão grave que ia ficando pelo caminho. Não, ninguém precisava de saber dessas coisas. No fundo não foi mau mas também não foi calmo e tranquilo como imaginava ser. Passei no entanto por uma mudança radical e vivi pequenos momentos que me vão ficar na memória enquanto a memória funcionar. Não me vou esquecer nunca do ar dos meus pais e sogros quando a viram, nem dos poucos amigos que nos visitaram. Não vou esquecer aquele cheiro bom, possivelmente o único bom cheiro de hospital. Nem o momento em que reparei que já lhe reconheci o choro e que ela me conhecia o cheiro e a voz. Ou quando Ele, sentado na beira da cama a olhar para o berço com o mini ser que fizemos juntos me diz de olhos molhados que têm muito orgulho em mim, em nós e que está tão feliz que não sabe o que fazer, "só vos quero levar para casa".
Nunca me senti de tal forma dominada nesta minha vida. Julgo que vivo um certo terror psicológico do qual não quero fugir porque na maioria das vezes esta prisão onde me fui meter é o melhor lugar onde já estive. Mas é um terror. E não me venham com fonhónhós e fitinhas a ver se embelezam a coisa porque todas as mães deste mundo de certeza absoluta que nem que seja por uma vez já se sentiu assim, qual masoquista de sua própria vida, sem querer trocar um segundo da companhia dos filhos por outra qualquer mas ao mesmo tempo com a maior vontade de levantar, virar costas e correr para longe até perder o fôlego (ou as pernas) e nunca mais voltar para o mundo das cólicas, fraldas soltas que deixam escapar a merda até ao meio das costas e das dúvidas agravadas por aquilo que os outros dizem. É incrível como tão pequenos seres viram a nossa vida de forma tão abrupta e nós adultos formados e que ao contrário deles estamos cheios de experiências e conhecimentos nos deixamos levar de sorriso nhanhoso nos lábios como se estivéssemos constantemente bêbedos. Desde o primeiro segundo eles sabem bem que nos controlam, sabem o quão valiosos são e são uns terroristas. É mesmo isto, todos eles fazem parte de uma qualquer seita secreta em que o principal objectivo é serem amados por toda uma família, amigos e até perfeitos desconhecidos. A formação deles é meticulosa, bem estudada e posta em prática assim que nós damos pela existência deles piorando bastante quando os vemos pela primeira vez e quase como se tivéssemos um botão interno já estamos a chamar o companheiro por pai e os pais por vovós, passamos a acabar todas as palavras com carINHOS e falamos de forma abebézada como se de alguma forma eles nos fossem perceber melhor. Tudo é em primeiro lugar para eles mesmo que isso signifique almoçar à hora de jantar só porque eles acham que lhes dói a barriga. E eles ainda gozam com uma pessoa. Parece que têm um radar interno que detecta todo e qualquer movimento ou pensamento que vá para lá daquilo que são eles e as suas necessidades. E choram, choramingam, mexem os braços e pernas de forma duvidosa antevendo uma tremenda berraria e nós, pais influenciáveis vamos na conversa, bêbedos deste amor que nos preenche e nos corrói com dúvidas e medos, muitos e intermináveis medos que se desvanecem a cada sorriso, ar de conforto, reconhecimento e (raios se é possível) fraldas soltas que deixam passar a merda até meio das costas.
A determinada altura comecei a contar contracções. Eram tipo muínha curtas e bastante toleráveis. Levei a noite toda nisso e de manhã anunciei a coisa ao homem que já nem queria ir trabalhar mas eu cheia de coragem lá o despachei.
Acho que ainda não estava bem convencida de que tinha mesmo chegado a altura de desovular a pequena. O dia passou rápido. Ainda arrumei a casa e deixei tudo orientado. Tinha decidido só ir para o hospital quando as contracções fossem de 10 em 10 minutos e tencionava manter o plano sob pena de passar um monte de tempo desnecessário no hospital à espera para parir ou de me enviarem de volta para casa. Por volta das 16h a coisa começou a ficar difícil, a muínha já era mais que isso, a cadela já se sentia incomodada e preocupada o que fazia dela uma sombra versão hora do almoço, sempre no meu entre pernas, sempre a choramingar para a minha barriga que dona Carlota fazia mexer-se de uma forma escandalosa e aí resolvi accionar o alerta geral via sms e o homem pôs-se a caminho enquanto nós duas fazíamos o nosso trabalho e mariolinhas se colocava em perigo constante de ser apanhada por uma chuva de águas de parto.
Quando ele entra em casa já estava em modo está-na-altura-de-ir-para-o-hospital à umas 3 contracções atrás. Ele lá levou a cadela à rua e lá fomos indo. E foi tudo tão rápido que nem dei conta. Dei entrada no hospital às 17h55. Acho que só me dei conta que estava na hora quando me dizem que não me posso mais levantar da cama. Havia um monte de máquinas, um armário cheio de coisas e mais um cadeirão para o pai que acabou por só sair da minha cabeceira quando foi obrigado para eu levar a Epidural. A peste para não variar lá estava em estranha posição o que me levou a estar uma boa parte do tempo virada para o lado e numa posição nada confortável para podermos ouvir o batimento cardíaco dela. A pior parte começou quando o meu corpo se resolveu revoltar contra mim. Parecia a miúda do exorcista. Toda eu tremia. Toda eu tremia e toda uma anestesista deu a fuga porque não havia condições de me dar o raio da coisa para as dores e imaginem, era hora de mudança de turno. Quando a nova equipa deu de si, uma meia hora depois, já estava eu na fase do desespero sem consegui perceber como raio é que ainda existem mulheres a querer passar por aquilo. Ver a anestesista entrar em cena foi como querer muito um chocolate e quando o recebes descobres que é o teu preferido,bendita seja a mulher da qual me esqueci o nome mas que foi a salvadora da minha postura pois estava a segundos de começar a berrar e chorar alto. Quando ele voltou já estava uma maravilha de novo. E daí até a pequena nascer foi coisa de meia hora. O enfermeiro parteiro entrou em cena, começou a analisar a coisa e super espantado disse que via a pequena. Fiz força 3 vezes. Uma para perceber se era assim que se fazia, uma para a cabeça e uma para o resto e pequena pónei nasceu. É mesmo verdade que se sente um grande alívio quando ela sai cá para fora. Tinha um cordão curto. Fui invadida pela noção de que agora não era mais só minha. E por uma outra coisa que ainda não sei o que é mas que julgo ser o que se chama o amor incondicional. E ela chorou. E vinha roxa e enrugada. E é minha, fomos nós que fizemos e têm os dedos todos e afinal até que é pequenina. nada mais importou. Nem os pontos que não levei. Nem a placenta envelhecida. Nem as massagens à barriga para expulsar o resto de 9 meses de formação de um ser. Nada mais importou porque os meus dois olhos bateram na pequena que em nenhum momento me deixou ver a cara, que naquele momento bocejava em cima do meu peito enquanto a enfermeira tirava fotos e a médica entrava e verificava que já não me vinha avaliar porque já tinha parido. Afinal disseram-me que levaria umas 4 horas no mínimo mas ás 9:43 foi a hora e o minuto mais importantes da minha vida.
E nada mais importou.
39 semanas e 5 dias |