#POTEDASCOISASFIXES

julho 05, 2019


No nosso Pote das coisas fixes existia este papel. 
Este papel tão pequenino e que trouxe tantas coisas boas ao mundo dela. 
O objectivo é só mesmo este, dizer às pessoas o quanto se gosta delas. 
Esta é uma coisa que me parece que com o evoluir da humanidade se foi perdendo, é mais fácil ver demonstrações de afecto vindas de um pato bravo do que de uma pessoa querida. 
Parece que criámos uma capacidade de sentir telepaticamente e sem dúvidas o quanto as nossas pessoas nos querem bem e o que gostam em nós. Parece-me que todos ficam felizes por ouvir demonstrações de afecto mas retribuir não é para todos, é estranho receber um abraço, os dois beijos que tipicamente damos às pessoas são robotizados e na maioria das vezes, apesar de perguntarmos aos outros se está tudo bem raramente o fazemos para saber se está ou não, aliás, esta pergunta pode ser colocada ao lado do chavão "parece que hoje vai chover".


Agora vocês dizem-me "mas oh Maria Carpideira, eu cá digo aos meus filhos que os amo todos os dias!"
Maria Carpideira pergunta:
- Vocês vivem numa bolha certo? Sabemos que os miúdos aprendem por exemplo?

A minha cria está habituada a ouvir a dimensão do nosso amor por ela e sabe bem retribuir (o que é só a melhor coisa do mundo), é uma criança que apesar da vergonha muito facilmente diz a outra pessoa o que gosta nela e ainda assim, colocada perante esta missão ficou sem saber o que fazer e muito atrapalhada.
Se experimentarem com os vossos filhos vão perceber o quão fora de normal isto é não só pela atitude deles como pela reacção das pessoas a quem eles se declararem. Vão também perceber que até para eles é mais fácil apresentar uma critica do que um elogio.
Se devia ser assim?
Eu acho que não mas vocês tirem as vossas próprias conclusões.

Como fizemos este exercício num dia de trabalho usámos o telemóvel para a maioria das pessoas mas é muito mais emotivo ver a reacção das pessoas ao vivo, ninguém está à espera (Sim, eu devo ter saído ao pai porque tanto ele quanto eu desde que esta miúda nasceu virámos umas bolas de água prontas a rebentar a cada nhónhó dela).
O que lhe pedi foi que me dissesse quem são as pessoas mais importantes para ela, as pessoas de que ela gosta mais, foi fácil e saiu-lhe de rajada. Depois perguntei porquê, levou mais algum tempo mas deu exemplos concretos de coisas que lhes disseram, de momentos em que estiveram presentes e de pequenos detalhes do cuidado que têm com ela que ela aprecia. Depois dei-lhe o telemóvel para a mão e disse:

- Pronto, agora vamos ligar a estas pessoas e dizer isto tudo.

Ela ficou super encaralhada, vermelha que nem um tomate coração de boi no pico do verão e eu levei uma boa meia hora a explicar que não devemos só receber afecto porque é super importante dar para receber.
Lá consegui e foi super giro.
Todos ficaram surpreendidos, houve lagrimitas, houve risos e no fim do dia ela disse que tinha sido muito bom e que ia dormir de coração cheio.

O que é que nos custou?
Nada!

Triste é saber que se esta sugestão fosse para levaram os miúdos, por exemplo, ao cinema (nada contra, nós adoramos e vamos volta e meia), apesar de hoje em dia custar uma renda, vocês cumpriam muito mais rapidamente apesar de os entreter apenas por umas 2 horas na melhor das hipóteses. Esta actividade durou a tarde toda.

Pensem nisto!

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