Moja a #1Bicha

março 27, 2017

Antes de vos contar isto, talvez seja melhor lerem esta publicação e mais algumas que possam encontrar neste blogue sobre esta gata a quem chamámos Moja, 'Sinhas de diminutivo, por vezes Sissa ou Achinhas, tudo o que fosse seguido por um PETCHPETCHPETCH servia principalmente se envolvesse comida.

 

Em 2005, no dia em que mudámos para Lisboa eu estava destinada a ir ao veterinário com as duas cadelas para elas levarem as vacinas. Tudo corria bem até eu perguntar à vet. se ela conhecia algum colega de exóticos, o plano era arranjar uns porquinhos da Índia para nos fazer companhia. Ela lá me indicou dois e no fim, já com as cadelas satisfeitas e prontas para dar a fuga ela vai e diz:
-É pena já terem decidido pelos porquinhos, temos ali uma gata que precisava mesmo de um lar como o vosso, já está connosco á bastante tempo e já é adulta, acho que nunca a vão adotar.
Eu desci as escadas mais para descargo de consciência que outra coisa, só que encontrei isto, esta bola de pelo, abandonada pelos donos por ter a FIV e a dona estar prenha sim, sim, mil chapadas e horas em canil municipais era o que o tal casal merecia. Elas deram-me uma transportadora, comida para uns dias e disseram-me que com a doença que tinha o mais provável era que fosse viver uns 2 anos mais ou menos. 


Entrámos na casa que viria a ser nossa por 8 anos com duas malas e uma transportadora, saímos de lá com muito mais tralha, uma cadela, um coelho, um bebé a caminho E a tal transportadora com a dita gata lá dentro. 


Nunca foi de fazer grandes asneiras, era e sempre foi uma princesa dondoca, cheia de "eu não preciso de brincar contigo humana, tu alimentas-me de qualquer jeito", nunca me estragou nada em casa, só tinha meia dúzia de "defeitos de personalidade":
1- Sempre que via uma cama por fazer mijava em cima, se a cama estivesse feita não lhe passava cartão, mas uma cama por fazer duas horas depois de termos saído de lá era outra conversa.
2 - Rios de guita que gastámos em cenas para a casa de banho dela, a senhora não fazia as necessidade em qualquer coisa, esqueçam a areia barata que qualquer gato gosta, esqueçam a sílica, a areia que se aglomera, esqueçam, ela só gostava daqueles aglomerados de madeira que parecem ração, era isso ou ela fazia á porta do WC.
3 - Só amava o dono, era ele e ela e ela e ele.
4 - Cortar as unhas era o fim do mundo.
5 - Quando lhe dava ataques de ciúme passava uma semana a mijar no hall de entrada, era tipo 3 pingas mas eram feitas mesmo na abertura onde passava a vassoura da porta e arrastava aquilo por todo o ângulo.
6 - Esqueçam a comida barata, a madame só comia ração de Royal Canin para cima a determinada altura a dieta dela obrigava



Esta gata que falava com os olhos e tinha a mania da importância, esta que era linda que só, até quando achava que era a má do pedaço.

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Era também uma chantagista de primeira, aquele ronron estava sempre afinado sempre que tinha frio ou fome, dava turrinhas e enrroscos mas o que é que havíamos de fazer, ela ganhava sempre e ganhava!


Foi o amor platónico de Marley o conilinho fodelhão, era aliás o único ser de quem ela tinha algum "medo", também não era para menos, o gajo era uma beca tarado e achava que ela era do mesmo tipo que ele, resumindo, ele tentava sempre pinar com ela. Ela nunca o agrediu mas também nunca deu confiança.

 

Nunca fez amizade com a Goa, o mais perto que alguma vez estiveram foi quando a gata queria agua e a da cadela estava mais fresca ou por ter frio. E muito boas contas. A Goa, sempre que ela tinha estas atitudes parecia que nem respirava, só mexia os olhinhos mesmo.

É nesta fase que devem ler esta outra publicação.
Estão a ver o "era" que já repeti muitas vez?
No ultimo ano de vida desta criatura tudo se complicou, os problemas intestinais, a dificuldade em defecar continuaram e aquilo que começou por ser uma ida ao vet. de meio em meio ano passou a ser mensal e daí a semanal. Ficava frequentemente desidratada, o problema renal agravou-se e por fim esteve cerca de 15 dias a viver à base de super suplemento alimentar e água. Neste ponto em que já nada podíamos fazer, neste ponto em que a nossa companheira sofria, não tinha força, tivemos que tomar a decisão mais difícil que um par de donos responsáveis poderia vir a ter e a Moja saiu de casa, na mesma transportadora, num dia cinzento, para não voltar nunca mais.


 

Levei meses até vos expor isto.
A Cria perguntava por ela, dizia o nome dela sempre que via um gato. Passou a pedir um para ela mas nós não estávamos preparados para tal.
Se existir um Paraíso para animais esta com certeza lá estará.
Houve dias em que eu precisei tanto mas tanto daquele ronron, quantas e quantas vezes dei comigo a ver a presença dela nas sombras lá de casa, a saudade que lhe tenho, daquela bola de pelo que não me curtia.
'Sinhas da dona, espero que tenhas tido a vida que merecias, que te tenha ficado registado que fizemos tudo o que podíamos sem nunca olhar para trás porque o que importava era que estivesses bem.
Disseram que ias viver 2 anos, parecia que tinhas a cabeça a prémio e estávamos à espera que alguma coisa de mau se passasse, passaram 11, 11 anos com a gata mais fixe de todos os tempos. Disseram que fizemos um excelente trabalho, que nunca um gato com a tua condição viveria tanto, disseram e de nada nos serviu de consolo sabes?
Dávamos mais 30, 50, dávamos um "para sempre" se assim fosse possível. Mas não foi e ainda assim agradeço sempre os 11 que foram.
Por favor, vê lá se alumias o caminho do GatoMiau, sério, aquilo não é um gato, é um quantos queres de asneiras.

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6 comentários

  1. Há animais que nos marcam e que são mais familia do que muita gente.. lamento imenso, mas sei que essa gata foi deveras feliz por vos ter tido como donos...

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  2. Opá como eu te percebo. Perdi o meu Tareco em Janeiro, também tive que tomar a mesma decisão que vocês.
    Chorei chorei chorei, e ainda choro quando me lembro dele, as saudades são imensas, e fiquei sem ele tão novinho.
    Infelizmente as doenças tanto matam o homem como os animais... E não haveria mais nada a fazer a ele. :(
    No entanto já a minha Tucha, passou a detestar gatos, quando vê os gatos que vêm à minha porta pedir comer, quase que os mata. Só não os mata porque não lhe deixo chegar ao pé deles.
    Enfim... :(

    Beijinhos,
    www.pirilamposemarte.com

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    1. Eu sei, eu fui vendo mas não disse nada porque ainda me custava pensar na minha 'sinhas :(
      Mas olha que as minhas cadelas fazem isso a todos os gatos que não sejam de casa, podes ter esperança.

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  3. Lamento imenso, não consigo nem imaginar a perda :(

    Aproveito a (péssima) ocasião para perguntar - chegaram a saber o nome dos tais veterinários de exóticos?
    Era informação que me dava imenso jeito, parece que em Lisboa não são fáceis de encontrar.

    Beijinho

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  4. Ela deu-me dois nomes mas nunca lá cheguei a ir. Iamos com o coelho à exoclinic e gostavamos. Há também um veterinário muito fixe em são marcos mas não me lembro do nome, de qualquer forma só existe esse.

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