Não sou uma pessoa de crianças, pronto!

janeiro 17, 2015

Durante toda a gravidez foi uma dúvida que me acompanhou e agora posso dizer que não me parece que tenha mudado, apenas me adaptei. Nunca fui uma pessoa de crianças. Nunca tive grandes aptidões para lidar com os pequenos seres e mesmo eles nunca me passaram grande cartão. Nunca tomei a liberdade do "posso pegar" nem me cheguei à frente para ter o mínimo de intimidade com algum mini humano e o facto de ir ter um só meu era coisinha para me atrasar o sono. A determinada altura chegou a dar-me um tal fanico no ânsia de não vir a dar conta do recado, depois mudei para o achar que iria de alguma forma ligar o botão da afectividade alheia mas agora volvidos uns poucos dias de me ter tornado mãe e de certa forma com algum pesar posso dizer que não me parece que parir me tenha dado alguma aptidão para fazer amizade com as crianças dos outros. Continuo a não saber o que fazer deles, a não ter jeito para lhes pegar ou para fazer conversa de elevador e querer saber afinal de contas que desenho animado é que eles gostam aos 4 anos. Dou conta da minha e acho que me safo, percebo o que ela quer, descubro-lhe as manhãs e sei confortar a fera, não me parece que ela me tenha alguma aversão ou algo que valha. Quero saber tudo dela mas é isto. Quero saber dela. Tornei-me na mãe que usa diminutivos maiores que a real palavra só para lhe fazer conversa e porque é mais sonoro nas letras de músicas que uso para a distrair das cólicas. Digo o "ão ão", o "miu miu" e a " 'peta" e mordo a língua de cada vez que o faço por todas as outras vezes que disse que não se devia fazer tal coisa porque achava que não era assim que se devia fazer. Embalo ao colo muito mais do que a minha consciência do eu-sei-que-assim-se-cria-o-monstro-do-quero-colo me quer deixar permitir. Imito pessoas e crio conversas fazendo as minhas perguntas e dando as respostas dela. Mas nada ou nenhuma destas novas habilidades me faz querer usar estes dotes nas crias dos outros. São para a minha. Já não me apoquenta a dúvida sobre se seria ou não capaz de tanto, já sei que sou, confesso que com alguma pena de não ser extensível a tudo o que é mini filhos dos outros mas enfim, gosto de gostar dela assim tão normalmente e isso chega-me para ser feliz.

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