E o oposto Maria Carpideira?

setembro 18, 2014



Houve um dia em que fui fofa, inocente e crente nisto que é as relações amorosas. Foi nesta mesma altura em que também era ciumenta e extremamente preocupada com o "se" e a importância de programar tudo com pelo menos menos meio ano de antecedência e a apontar para um futuro distante. Esta altura foi obviamente contrariada com a realidade, percebi que por mais que se controle quando o outro quer fazer o que quer que seja faz e se for inteligente o suficiente tu nunca ficas a saber. Foi portanto na maior tristeza da minha vida, seguida do primeiro desgosto amoroso, as horas infindáveis a chorar baba e ranho até que um dia ao passar-me no espelho analisei a necessidade de estar em absoluto sofrimento e não sei bem como ou quanto tempo levou mas o meu ego cresceu e foi crescendo até ser o suficiente para perceber que ninguém tinha o direito de me magoar de tal forma, eu merecia mais, merecia melhor, decidi que não voltada a cair na mesma conversa, que não me adiantava teimar com o que não valia a pena, que acima de todos eu tinha que gostar de mim e defini a linha que dividia o que eu estava disposta a admitir e o que não. Passei a explicar-me bem explicadinha, nada fica por dizer, peço desculpas por errar mas sou casmurra, muito mesmo.
E depois Ele apareceu e enganou-me, levou-me a crer que não era nada, que daí a uns tempos ia um para cada canto e eu deixei-me ir, deixo-me ir mas continuo casmurra. Ele foi apanhando os cacos, muitas vezes sem saber, do que outros lhe deixaram de legado e eu na minha casmurrice vou atirando as pedras que outros deveriam ter apanhado porque estão abaixo ou acima da minha já pré-delineada linha. Hoje, mais um destes tantos dias em que Ele  me leva sem me aperceber, dei comigo a pensar que não sou só eu que tenho um passado e que eu no meu tão bem traçado plano de não me deixar magoar ao longo o caminho o fui magoando sem Ele merecer. Sou fria, na verdade sou verdadeiramente fria no uso e escolha das palavras quando me sinto magoada, é mais forte do que eu, e hoje percebi que Ele não o merece porque a verdade é que se eu não mereço ser magoada, se a minha linha existe, a dele também e eu acho que ás tantas não a tenho levado muito em conta. Acredito que tive de viver o que vivi para chegar aqui, foi mau mas o que hoje tenho, o que temos não seria desta forma se não tivesse sido assim e eu sabendo o que sei hoje teria vivido tudo de novo só para poder dizer que sou a pessoa mais bem enganada de todo o sempre, que na verdade a minha linha não separa o que eu acho merecer ou não, a minha linha separa o antes e o depois dEle. Não sei o que é que me fazes, não sei como é que fazes mas dobras a minha casmurrice com uma pericia incrível e eu só me dou conta muito tempo depois, levas-me para onde nunca quis ir e tudo isso só me traz felicidade, se calhar devia de confiar mais no que me dizes principalmente quando repetes e teimas, já vai na altura de perceber que eu sou a casmurra mas tu dás-me a volta, sempre não é?
Desculpa se não te estimo devidamente ou melhor, se não o demonstro como devia mas para que conste e apesar das coisas feias que volta e meia te digo eu sei o que fazes por mim e por nós e hoje é importante que sabias, que eu te diga, eu sei, obrigado!

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1 comentários

  1. Esse teu post me deixou pensativa... Engraçado quando nos identificamos com algumas coisas de pessoas desconhecidas...

    Abraços!
    http://flores-na-cabeca.blogspot.com.br/

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