Talvez seja a capacidade que mais falta faz a toda a gente hoje em dia. Faz falta dar e receber.

A bondade é mais do que uma palavra no dicionário, muito mais do que um capricho tardio de quem tem a consciência pesada, a bondade é uma forma de vida e de saber estar, é a barreira de separação entre uma boa e uma má pessoa, de uma boa ou má atitude.

A bondade aparece nas nossas vidas sob diversas formas e muitas vezes não a sabemos reconhecer ou apreciar, quanto mais devolver.

A bondade é o amigo que em plena pandemia vem de máscara ajudar a puxar terra para que se tenha um jardim bonito no verão seguinte ou aquele outro que faz mais de 200Km todos os anos para não falhar ao aniversário da nossa filha, ou ainda o que faz questão de não falhar um jantar sempre que volta ao país.

A bondade é aquela abóbora gigante que se partilha com o vizinho que só tem bolos para troca, é o prato de pataniscas de bacalhau quentinhas para o jantar, a roupa dobrada no cesto, o chão varrido na cozinha.

É esperar na fila para os exames, é arrumar a cozinha mesmo não tendo comido ao fim de um dia de trabalho cansativo, é dar o lugar a uma mulher com um bebé ao colo, é descer a escada do supermercado com um saco de mantimentos para quem pede ao frio no lado de fora, é doar o que não se usa, é guardar o comentário desnecessário sobre o corpo dos outros, é elogiar uma boa atitude, é agradecer sem ter recebido, é enviar uma sms a perguntar se está tudo bem, é oferecer uma visita a alguém que está sozinho, é desvalorizar as falhas dos outros, é saber desculpar, é parar o carro para recolher aquele animal perdido, é aceitar a experiencia dos mais velhos...

A bondade está em todo o lado, gosto de achar que está em todos nós.

A bondade é dar sem olhar a quem, sem esperar de volta, sem publicidade nem cobranças, é querer ver os outros felizes porque sim.

A bondade tem uma outra coisa muito boa, é de graça.

A bondade é bonita, tão bonita e descomplicada.